quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

enxaqueca

Eu tinha um professor no cursinho que dizia que há dois tipos de pessoas no mundo.
Gente que tem dor de estômago e gente que tem dor de cabeça.
Se este é o caso (é claro que tem gente que não tem nada disso), eu pertenço ao segundo grupo. O da dor de cabeça.
Eu tenho enxaqueca.
E tive um ataque hoje à noite. Estava tendo até náusea por causa da enxaqueca.
Tomei comprimido, fiquei no escuro, nada adiantou.

Mas mesmo assim consegui postar mais um capítulo.
Tá vendo como eu sou bacana? :)
Mas eu tô melhor.

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Muita gente me perguntando se a história está no fim.
Eu não consigo calcular quanto ainda falta exatamente (pra ter uma idéia de porcentagem, por exemplo).
Mas posso dizer que a partir de agora as coisas vão andar mais rápido - como você já deve ter notado.
Mas tem um bocado de coisas pra acontecer.
E muuuitas surpresas (risada maquiavélica).

dois livros maravilhosos

Eu não postei o capítulo ontem porque comecei a ler um livro absolutamente FANTÁSTICO chamado "A hearbreaking work of staggering genius". O autor é um cara chamado Dave Eggers.
Eu não sei se existe tradução em português.
(Se você sabe de uma tradução, avise aqui).

Eu nem sei como começar a descrever o livro. É basicamente um livro de memórias, onde o autor conta sobre a morte da mãe por câncer. É engraçado, triste, emocionante, incrível mesmo.
Ainda estou no começo, mas recomendo.

Outro livro que eu estou lendo é "Interpreter of Maladies" da Jhumpa Lahiri. Também não sei se foi traduzido. Ela escreve de um jeito tão lindo que dá vontade de nunca mais tentar pôr nada no papel. O sentimento de incompetência é avassalador.

Mas vou tentar terminar mais um capítulo hoje.

respondendo aos emails e comentários

Sobre o post "Raiva" eu recebi - além dos comentários aqui no blog - alguns emails. Um particularmente interessante de alguém que trabalha (ou trabalhou) numa dessas unidades para reabilitaçao de adolescentes. Ela me explicou o contexto em que foi criada o ECA e me mostrou coisas que eu não sabia. Mas no final, acabou concordando que a execução da lei é problemática.

Outras leitoras levaram meu comentário para o lado pessoal. Não gostaram de saber que eu tenho uma visão tão pessimista do nosso país.
Esta é a minha opinião. E pelo menos por enquanto (até que o PT consiga interferir mais ativamente na liberdade de expressão dos indivíduos) eu tenho o direito de tornar público o que eu penso. Assim como você tem o direito de dizer que discorda.
Eu acho que o Brasil não muda. Quanto mais eu leio a respeito (e eu leio muito), mais me convenço de que a coisa não vai melhorar. Você pensa diferente? Tudo bem. Traga argumentos para a conversa. Diga porque você acha que vai mudar.

Alguém disse que não adianta culpar as autoridades. Concordo. E não foi isso que eu falei. Minha birra é com a impunidade. E ela resulta de uma combinação de fatores onde não dá pra apontar o dedo e dizer: "A culpa é da idade limite de maioridade penal" ou "A culpa é do governo" ou ainda "A culpa é do sistema capitalista que gera desigualdade". é tudo isso e mais um pouco. São coisas como leis brandas para crimes graves, leis bonitas no papel mas que não funcionam num contexto de Brasil, um Estado que não cumpre seu papel, legisladores que legislam em causa própria e não ligam para o povo, uma tendência meio geral de se pensar que dá pra burlar a lei sempre, e um monte de outras coisinhas que fazem impunidade uma característica do sistema brasileiro.
Combater a impunidade no Brasil resulta de um esforço concentrado de muita gente (nós, os políticos, os legisladores) e isso requer uma maneira diferente de pensar; o que, na minha opinião, não vai acontecer.

Eu nunca disse que o problema são os bandidos. Gente desprezível tem em todo lugar. Gente que faz maldade e que também mataria um garoto como o João por um motivo fútil. A gente tá cansado de ver gente saindo por aí nos EU e atirando a esmo e matando por esporte. Mas naquele país, geralmente paga-se pelo crime cometido. No Brasil, isso nem sempre acontece. Eu leio nos jornais todos os dias sobre gente que transgrediu a lei e se deu bem. Isso enche o saco.

Minha sugestão a você é que passe um tempo lendo um sujeito chamado Reinaldo Azevedo. Eu não concordo com exatamente tudo o que ele fala, mas ele é uma das mentes mais lúcidas pra comentar sobre o Brasil. Leio sempre o que ele fala. Se você é de esquerda, não vai gostar. Ele vai te mostrar que o pensamento esquerdista é uma das coisas mais nocivas ao Brasil (está ali competindo em pé de igualdade com a praga da impunidade).
E eu concordo totalmente.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Raiva

Estou com raiva desse país. Sabe qual é a praga que não deixa esse país andar? IMPUNIDADE!
Quem rouba dinheiro público não vai pra cadeia. A começar pelo presidente, que enriquece a própria família. Quem mata por esporte também fica livre.

Você viu o que aconteceu com o garotinho que foi arrastado pela rua?
E você sabe o que vai acontecer com os adolescentes que fizeram isso? Nada.

E em alguns dias ninguém mais fala disso. Até outra atrocidade assim acontecer. Talvez alguns saiam nas ruas com bandeiras brancas e velas acesas pedindo paz. Como se isso mudasse alguma coisa.

A lei que deixa impune um animal de 16 anos que comete uma coisa dessas, não vai permitir que ele seja preso. Ele vai pra um lugar onde teoricamente vai ser "reabilitado". Existe reabilitação pra quem faz isso?

E quem pode mudar a lei não o faz. Porque mesmo? Só um país atrasado como o nosso pra ter uma lei como essa.

E em alguns dias, todo mundo vai sair às ruas pra dançar e celebrar a própria miséria.
Esse país não tem mais jeito.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Overdose

Você está tendo overdose de Ana e Helena...
Espero que não enjoe.
Só pra explicar... a história está terminada. Estou simplesmente pondo no papel. Não é tão simples quanto parece e por isso leva um tempo pra eu escrever um capítulo, mas está dando pra andar com a história.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

muita música, pouco tempo

Eu tenho um problemão.
Olha só...
Eu não consigo escrever ou estudar com música.
Você consegue?
Já tentei de tudo, mas não vai. Pra estudar eu preciso de silêncio absoluto.
Eu me distraio, presto atenção na letra, no arranjo e esqueço o livro ou o que estou escrevendo.
Mesmo se for só instrumental, eu não consigo não prestar atenção na música.
O pior é que eu adooooooro música (você já deve ter notado, né?).
Tenho tanta coisa legal pra ouvir e me falta tempo pra curtir tudo. O que eu gosto de fazer mesmo é usar o fone de ouvido (tenho um bem legal) e me deitar na cama, fechar os olhos e ouvir tudinho da música.
Mas e tempo pra fazer isso?
O que me resta é ouvir música pra acompanhar aquelas tarefas mecânicas tipo lavar louça, limpar o apartamento, cozinhar. Mas isso não toma muito tempo. Tenho uma fila quilométrica de coisas legais pra ouvir. Essa fila só perde pra fila quilométrica de coisas pra ler.

Espero que seu domingo seja bem gostoso.

(Hoje eu tô ouvindo Fafá de Belem. O cd de 2005 onde ela canta Chico Buarque. Que voz deliciosa aquela mulher tem.
Imagina ela falando ao seu ouvido... Hmmm...)

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

uma estrátegia

Aconteceu uma coisa interessante...
Eu me sentei pra escrever ontem e trabalhei no conto até as duas da manhã. Foi bem produtivo. Fiquei até surpresa.
E hoje também consegui escrever bastante.

Descobri que eu estava meio travada pra escrever porque estava pensando demais. Estava com medo de cometer erros e não conseguia pôr as coisas no papel. Aquele formato do XinB é terrível. Não dá pra revisar o que se escreve. O blog está me ajudando porque eu fico pensando que posso voltar e consertar alguma coisa errada.

Bom... eu desencanei. Tenho certeza de que estou cometendo alguns erros e esquecendo alguma coisa (espero que nada que não dê pra consertar depois), mas depois que eu relaxei um pouco, as idéias começaram a fluir.

Espero que continue.

Beijo pra você e um ótimo fim de semana.
Olha uma dica legal que eu li numa revista.
O que acontece se de repente sua casa pegar fogo e você tiver que sair correndo e não puder carregar com você aqueles documentos mais importantes (diplomas, apólices, passaporte, etc.)?

Você tem máquina digital?
Já pensou em tirar fotos destes documentos todos e manter tudo isso na sua conta de email?
Assim, se alguma coisa acontecer com os originais, pelo menos você tem as versões digitais. Elas não substituem os originais, mas numa situação de emergência podem ser incrivelmente úteis.

Eu fiz isso no domingo. Agora tenho todos meus documentos num backup online.

Se você não confia muito em email e tem medo de ter sua conta acessada por outra pessoa, pode encriptar o arquivo e criar uma senha pra abri-lo.

PS... cê viu que tem capítulo novo do conto? Espero que você goste.

Beijo
Um dia produtivo pra você.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Estar apaixonada...

Estar apaixonada é uma delícia.

Pus um cd velho do Ivan Lins no mp3 player e fiquei ouvindo aquelas músicas melosas falando de “eu te amo”.
Viajei.
Por 40 minutos esqueci do mar de reverb, das rimas às vezes tão previsíveis, daquele som do teclado dele (que eu nem sou muito fã).
Não me entenda mal. Eu gosto muito dele. Mas esse álbum dele não é exatamente meu favorito.

Mas e daí? Quem liga?
Eu fico pensando nela, no que ela tá fazendo, em quando exatamente ela vai me ligar nesse domingo. E a única coisa que eu quero fazer é mandar a música pra ela, pra ela poder ouvir e sentir a mesma coisa. (você também faz isso?)

Fiquei ouvindo aquelas letras falando do “nosso amor tão sincero”, do “eu ainda te procuro, no claro ou no escuro...” que me esqueci que a música nem é lá aquelas coisas.

Quando se está apaixonada, as letras fazem todo sentido do mundo. Você acha que ele tá cantando pra/de você.

Eu acho que é por isso que música é tão especial. Ela faz um pouquinho mais tangível esse negócio tão inexplicável que é estar apaixonada. Não explica patavina nenhuma. Mas pelo menos dá pra dizer “eu to me sentindo exatamente como diz aquela música”.

Me emociona o seu carinho
início de redemoinho
E voce vira minha dona
Uma gazela uma amazona
Me cavalgando no cio
Transbordamento de rio
Uma araguaia um tocantins
Eu sempre quiz amar assim
Sem começo e sem fim...

Me emociona o seu carinho
Amor que vem da natureza
É agua fresca divina
Que escorrem por entre os dedos
Molhando o peito e a camisa
Derramamento de vida
Uma araguaia um tocantins
Eu sempre quis amar assim
Sem começo e sem fim....


Espero que teu domingo esteja sendo bem gostoso.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

um a menos

Notícia boa...

Acabei de terminar um trabalho chatíssimo que estava empacado há dois meses. Era pra ter entregado em dezembro.
Agora só tem um pra esse fim de semana.
Acho que vai dar pra escrever.

E você? Também tá correndo muito aí?

Beijo,

Juliana

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Vodu

Voltei.

Tive uma prova horrível hoje. Tive que parar com tudo pra estudar se não levava pau. Só pra você ter uma idéia, eu fui pra cama à meia noite, acordei as 2:30 da manhã e estudei até a hora da prova (as dez da manhã do dia seguinte).
E fui mal. O bom é que todo mundo foi mal. :)

E ainda tenho dois trabalhos nesse fim de semana.

Olha, li seus recadinhos... Obrigada pela força e pelas palavras de encorajamento.
Também tem aquelas que estão muito p. da vida comigo. Eu entendo. Acho que se eu tivesse acompanhando uma história e a autora largasse a história no meio eu também ia ficar muito louca.
Mas olha só... eu tenho que trampar. E não posso largar a escola. E também não quero simplesmente escrever "Ana" pra me livrar do peso da responsabilidade de terminar e ficar livre. Eu tenho muito carinho por aquela história e me recuso a escrever de qualquer jeito só pra terminar. Eu VOU dar um final decente pra história de Ana e Helena nem que isso me tome este ano inteiro.
Me desculpe se você está tendo que esperar. Acho que o meu grande erro foi ter começado a publicar com a história tão crua na minha mente ainda. Por outro lado, se eu não tivesse começado a publicar, a esta altura já teria abandonado tudo.
é por causa de você, leitora que eu firmei o compromisso comigo mesma de terminar o que comecei.

Eu só não vou terminar a história se algo de ruim acontecer comigo. Portanto, guarde seu bonequinho de vodu porque se eu ficar sem um braço, daí que você não vai saber o fim da história mesmo. :)

E pra você que tá muito puta comigo e achou que eu não posto porque sou sacana mesmo, não vou nem me desculpar. Você realmente não me conhece. E se esse é o caso, acho que não ligo muito pra o que você pensa.

às minhas outras amigas, só posso dizer que vou fazer das tripas coração pra escrever esse fim de semana.

Beijinho carinhoso a todas vocês que não desistem

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Abandono

Hmmm...
Parece até que eu abandonei você, não?
Isso não se faz, Juliana!

Eu sei, eu sei...
olha, deixa eu explicar...
as coisas aqui na faculdade estão uma loucura e não tenho tido tempo de vir aqui.

Tenha paciência comigo que eu volto.
Estou terminando um trabalho chato e assim que o fizer (espero que até sexta)
eu volto a conversar.
e mais importante de tudo, volto a escrever ana.
beijo carinhoso

Juliana

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

Conversas furtadas

Olha que delicia esse site.
Descobri hoje por acaso.

Conversasfurtadas

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

solidariedade

Em primeiro lugar queria agradecer à Ana Maria, à Karine, à Carol e à Gabriela e à Estrela por que se solidarizaram com meu calçado.
Vocês entenderam minha dor, agora são minhas amigas.
Sua solidariedade não será esquecida! (quem sabe eu não incluo uma personagem bem bacana com o nome de vocês na história da Ana?)
Fiquei emocionada com as histórias de vocês e seus calçados.

Se você tirar uma foto do seu pisante e me mandar eu publico aqui. Juro.
E se mais pessoas mandarem, a gente faz um concurso pra ver qual tênis ganha do meu (no quesito pior estado de conservação).

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

meu tênis vermelho (fotos de hoje)


Olha o estado lastimável do calçado!
Te falei...
Além disso tá sujo, né.
Deixa eu explicar essa parte da sujeira...
é que... hmmm... eu não consigo limpar esse tecido.
Tem que lavar mesmo. E aqui eu nem tenho um tanque decente pra fazer isso.
Daí nunca fica limpinho.
Olha outra foto dele(de lado não é tão ruim).

Enfim... deu pra você ter uma idéia da situação do meu pisante.
Duvido que você tenha um pior que esse.

Se apesar da sujeira, você também acha que esse tênis é muito dez, mande um recadinho.
Se você não acha, então vou citar pra você o que o Samurai Jack falou quando riram do calçado dele:
“You have insulted my footwear. My sandals do not like to be laughed at.”

Não sabe quem é o Samurai Jack?
Amanhã te conto, então.

Falando em conto, lembrei de um negócio que eu tenho que terminar....

domingo, 14 de janeiro de 2007

meu tênis vermelho



Esse aí do lado é o meu tênis favorito. Achei em promoção numa loja lá no Japão. Adooooooooro ele.
Okay, é meio bandeiroso, mas é legal não é?

Pena que agora tá bem acabadinho (hmmm... e sujo também).
Essa foto aí é de uns cinco anos e agora ele tá todo estourado (depois ponho uma foto atual pra você ver o antes e o depois).
Será que você sabe onde eu consigo achar um par como esse pra comprar?
Alguma idéia?


Boa semana pra você.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Olhos de ressaca

Olha o que a Karine anotou pra mim do "Dom Casmurro"...

"(...) Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos de Capitu. Não me acode imagem capaz de dizer, sem quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei-me às outras partes vizinhas, às orelhas, aos braços, aos cabelos espalhados pelos ombros, mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar-me e tragar-me. (...)"

Machado de Assis [Dom Casmurro - Cap. XXXII]

Bonito né? Eu também grifaria essa parte.
Valeu, Karine.

explicando os "ringtones"

Como eu prometi...
aqueles "ringtones" que eu postei ontem pra você ouvir são vinhetas que tocam nas estações de trem e metrô em Tóquio.
Algumas linhas de trem têm uma melodia diferente pra cada estação. Eles tocam a música no auto-falante pra avisar que o trem já vai partir.
Então... quando eu escuto essas musiquinhas, me dá uma saudade enorme.
Pois é... eu morei lá por aquelas bandas um tempo.
(Outra hora eu te falo que que eu tava fazendo lá.)

Fiquei empolgadíssima quando achei essas vinhetas. Um japonês maluco montou um site inteiro com a música de cada estação de cada linha de trem e metrô. Cada doido...

Mas, depois eu fiquei pensando... essa minha empolgação é bem coisa de estrangeiro mesmo, de alguém que só morou lá por um tempo.
Um japonês talvez fosse olhar pra mim e pensar: "Baka Gaijin"! (isso quer dizer "estrangeiro idiota")
Não acho que o pessoal de lá é tão fã dessas músicas.
Imagina você ouvindo essas mesmas musiquinhas todo santo dia que sai pra trabalhar.
Já pensou que condicionamento infernal que é ouvir a mesma música toda segunda de manhã?
Credo.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

da terra do sol nascente

Eu estava procurando por isso há muito tempo.
Quando ouvi, tive vontade de chorar de saudade.
Se você reconhece o som, então sabe do que eu tô falando.

Essa daí de cima é a minha favorita. Mas essa aqui também é muuuuito dez.
Também gosto dessa aqui. Meio nervosa, né?
E essa então? Adooooro.
(se você tá perdido e sem saco pra tentar descobrir do que diabos eu tô falando, espera até amanhã. daí eu te falo)

Sabe que eu queria ter um celular só pra poder colocar isso como ringtone?
Eu sei... inacreditável né... não tenho celular.
Já te falei que não sei dirigir também?
Pois é...
Não espalha, tá?

ainda sobre "Dom Casmurro"

Então tá combinado, Karine,

Você lê "Dom Casmurro" pra mim e eu continuo a escrever o conto.
(Que idéia genial! Como é que eu não pensei nisso antes?)
Olha, eu parei no capítulo XVIII, onde a Capitu e o Bentinho estão tentando achar um jeito dele não ir pro seminário. Continua daí, tá?
Ah, eu faço um monte de anotação nas margens e também grifo as passagens que eu acho bonitas. Faz isso pra mim também, tá?
Beijinho


Eu sei... tô atrasada com o capítulo. Posto hoje, sem falta.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Dom Casmurro

A primeira resolução de ano novo que está indo pro saco: ler mais ficção.
Empaquei com "Dom Casmurro" e não consigo tempo pra terminar de jeito nenhum. Afffff
Não porque não goste do livro; é a segunda vez que eu leio e é delicioso. Mas não dá ler com pressa.

Por outro lado, eu tenho o ano inteiro pra terminá-lo. Te falo quando eu conseguir.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

uma amiga

Eu quero agradecer uma pessoa especialíssima que tem me ajudado com meu português. Ela dá uma ultima revisada antes de eu postar o conto. Queria eu ter contado com ela desde o começo. Tem uma porção de coisas que eu deixei escapar e que agora não dá pra mudar no XinB.
Você é uma graça, conhece a língua como poucos e tem um olhar afiado pra anglicismos. Me dá altos toques.
Obrigada, querida.

Juliana

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

um e-mail carinhoso

Você não faz idéia da sensação deliciosa que é receber um e-mail de alguém que diz estar lendo a história de Ana e Helena e está curtindo.

E eu tenho recebido uma porção deles. Agora rarearam. Totalmente minha culpa, admito. Minha irregularidade nas postagens deixou muita gente desanimada, eu acho.
Também nem tenho conseguido responder do jeito que merecem as leitoras.

Então... recebi um desses e-mail hoje. Longo, bem escrito. A autora, com certeza, parou e pensou com cuidado e carinho na escolha das palavras. Adorei!

Não vou falar o que ela escreveu aqui, é claro, mas espero que ela não ligue se eu expressar aqui o quanto ela me deixou tocada com as palavras dela.

Seu recadinho pra eu cuidar da minha postura na frente do computador está anotado. Estou sofrendo dores nas costas por causa do meu descuido. Mas vou atrás de uma cadeira melhor. Beijo pra você, querida.
Boa noite.

Sobre personagens: conhecendo-os (Brandi Reissenweber)

Conhecendo os personagens

Gaste tempo conhecendo seus personagens como se eles fossem grandes amigos seus; mesmo aqueles personagens que não são tão bacanas (aqueles que jamais seriam seus amigos na vida real). Investir tempo durante esses estágios de desenvolvimento ajuda você a entender seus personagens mais intimamente, o que te permite retratá-los com mais autenticidade.

Coloque seus personagens em cenários diferentes e imagine como eles se sairiam nessas situações. Personagens não existem num vácuo, então você precisa imaginar como eles agem e reagem no mundo.

Considere as seguintes categorias para seus personagens:

1. Aparência – Você não pode julgar um livro pela capa, mas uma capa pode ser informativa e gerar expectativa. Como o seu personagem se apresenta, o que ele escolhe vestir, que tipo de expressão ele tem quando anda pela rua... tudo isso é importante. Pense sempre no seu personagem em três dimensões, ocupando espaço. O estilo e a presença com que os personagens habitam o mundo revelam muito sobre as suas atitudes e personalidade.

2. Ambientação – Uma mulher que cresceu numa família com dezessete crianças vai ter uma experiência muito diferente da mulher que cresceu como filha única. Como você cresceu, amou, sofreu, e aprendeu... tudo isso vai contribuir com a sua formação.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Sobre personagens: De onde vêem os personagens? (Brandi Reissenweber)

Seus personagens surgem de pessoas que você conhece, vê ou imagina. Inspiração para criar personagens está em todo o lugar. Escritores frequentemente constroem personagens começando com pessoas interessantes ou características de pessoas que eles conhecem. Alguns escritores usam até sua própria personalidade como base para um personagem e o desenvolvem a partir daí.

Mas não se esqueça de que ao lidar com pessoas reais, você precisa deixar espaço para a criatividade. Algumas vezes escritores iniciantes podem basear o personagem em alguém que eles conhecem e gastar uma energia desnecessária tentando fazer com que o personagem seja igual à pessoa. Você vai acabar enlouquecendo se for por este caminho. É muito melhor transformar estas pessoas em personagens fictícios, que serão capazes de se encaixar na sua história.

Você também pode se inspirar em pessoas que não conhece. Observar pessoas é uma ótima maneira de desenvolver personagens. Observe as pessoas em ação e entao imagine o que eles estão passando. Se você vir alguém chorando, pergunte-se o porque.

Você pode ir mais adiante e perguntar “e se...?” Por exemplo, e se alguém se sentasse ao lado daquela pessoa que está chorando e tentasse consolá-la? Como ela reagiria?

"Ana" - final

Uma leitora me deu um puxão de orelha (que eu achei acertadíssimo) e me disse que eu ando curtindo mais escrever sobre o ato de escrever do que o ato de escrever em si.
Hmmm... leitora espertinha que sabe o que tá falando.
(aliás, também tenho um puxão de orelha pra ela: ela comenta o que eu escrevo aqui no blog escondidinho, por email)
Tudo bem. Eu entendo...

Então... depois desse puxão de orelha, retomei "Ana".
O negócio é o seguinte... eu tava enroscada com o final há várias semanas. Nada parecia funcionar.
Mas eis que uma outra pessoa especialíssima na minha vida veio me socorrer. Uma coisa que ela falou há um bom tempo veio na minha cabeça enquanto eu relia a história. E o que ela falou vai acabar aparecendo numa conversa entre Ana e Helena.

Mais um fio amarrado.
(vejo a luz no fim do túnel)

Haiku (Leroy Gorman)

I hear her sew
I hear the train
I turn back a page

Sobre personagens: consistência (cont...) - Brandi Reissenweber no livro "Writing Fiction"

Personagens podem fazer algo inusitado desde que você mostre de antemão uma faísca daquele jeito de agir. Se um personagem tímido, cuidadoso e que geralmente pesa tudo antes de agir, de repente, faz algo corajoso e arriscado, o leitor precisa ver essa ação dentro da esfera de possibilidades antes que ela aconteça.

Não existe nada pior do que terminar-se uma história pensando “de jeito nenhum que aquele personagem teria feito aquilo”. Mesmo que o leitor se surpreenda com o que o personagem faz (o que é bom), a caracterização tem que ser consistente.

Você provavelmente vai querer causar um pouco de surpresa em sua caracterização; isso faz parte do prazer de ir-se descobrindo uma história.

Canção do Exílio (Murilo Mendes)

Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza.
Os poetas da minha terra
são pretos que vivem em torres de ametista,
os sargentos do exército são monistas, cubistas,
os filósofos são polacos vendendo a prestações.
A gente não pode dormir
com os oradores e os pernilongos.
Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda.
Eu morro sufocado
em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.

Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!

O Capoeira (Oswald de Andrade)

— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.

Sobre personagens: consistência (Brandi Reissenweber no livro "Writing Fiction")

A menos que seu personagem tenha engolido algum tipo de poção Jekyll/Hyde, você não vai querer fazê-lo comportar-se de um jeito durante boa parte da história e então mudar de repente seu comportamento no final. Toda ação e comportamento devem ser autênticos e verdadeiros, isto baseado no que você já estabeleceu. Características contrastantes são importantes, mas suas caracterizações devem ser consistentes. Isso parece uma contradição: o personagem tem características contrastantes, mas ainda assim tem que ser consistente.

A diferença é a seguinte: características contrastantes são momentos que mostram a condição humana do personagem; manter a consistência num personagem tem a ver com boa caracterização. Imagine um cara chamado Rod. Ele é metido, estopim curto, pronto pra puxar briga se alguém simplesmente pergunta as horas; ele também é alguém que fura a fila no supermercado. Mas talvez esse mesmo cara pare para olhar um poster anunciando um circo. Há algo de interessante aí. Talvez ele esteja simplesmente bancando o durão e, na verdade, adora divertir-se de um jeito despreocupado. Ou talvez o poster o faça lembrar-se de algo que ele costumava fazer com seu filho antes dele divorciar-se da mulher que mudou-se para outro estado. Nos dois casos existe um contraste: ele projeta a imagem de uma pessoa irada, mas mostra interesse num evento alegre como o circo. Estas duas características são convincentes. No entanto, se o leitor acompanha um Rod que é durão, confiante e que trata mal aos outros durante as primeiras nove páginas de uma história, e então, de repente, na página dez, ele se junta ao circo sem nenhuma razão, o personagem não é consistente.

Sobre personagens: características contrastantes (Brandi Reissenweber no livro "Writing Fiction")

Traços contrastantes Um dos elementos mais fascinantes da natureza humana é que todos nós possuímos características contrastantes; às vezes sutis, outras vezes extremamente conflitantes. Tais contrastes geram inúmeras oportunidades para tornar seus personagens complexos.

Pode-se imaginar que características contrastantes são os lugares onde a caracterização é surpreendente ou onde essas características parecem não combinar muito. Por exemplo, um bem-sucedido jogador de futebol americano num time da faculdade que está lutando contra leucemia não precisa necessariamente se acovardar frente à doença para exibir tal contraste. Uma opção mais sutil é preferível. Ele pode sentir seu orgulho ferido ao ser repreendido num jogo, ou ele pode dirigir perigosamente com seu irmão sentado ao seu lado no carro, ou ele pode trair a confiança de um amigo. Qualquer um desses elementos acrescentaria complexidade ao personagem sem que isso ocorra de um modo previsível.

Independentemente de qual tipo de características contrastantes você atribua ao seu personagem, tenha em mente que tais contrastes não devem “gritar”. Os melhores contrastes são costurados na descrição do personagem e não são fáceis de detectar. O leitor deve sentir a tensão, e não ter sua atenção voltada para contrastes como se estes fossem sinais de “pare” numa rua.

Sobre personagens: A complexidade humana (Brandi Reissenweber no livro "Writing Fiction")

Não existe nada menos interessante do que um personagem que age como um milhão de outros personagens que você já viu, mas tem apenas uma faceta: ou é a vovozinha querida, ou o porteiro com cara suspeita ou o paciente herói... E é fácil cair nessa armadilha porque é muito mais fácil ver as pessoas como tipos. Por exemplo, imagine um banqueiro bem-sucedido. Você provavelmente pensou num sujeito de terno, gravata, expressão séria. Alguém que trabalha demais, que carrega laptop, celular e tem uma conta gorda no banco. Este pode ser um bom começo, mas seu personagem tem que ir além disso. Richard, um banqueiro pode, de fato, ter muito dinheiro e trabalhar demais, mas pode ser que ele também faça doações anônimas para entidades assistenciais.

Quando você criar seus personagens, explore o que eles têm de específico, os detalhes únicos, aquilo que os torna complexos. Não um tipo, mas uma pessoa real. Nós carregamos conosco nossas histórias, nossas experiências, nossas memórias, cada uma diferente das de outras pessoas. Construa seus personagens da mesma forma.

Escritores são atraídos pela idéia de construir um personagem que é todo mau ou todo bom, o que acaba sendo uma outra versão do personagem tipificado. A menos que você esteja escrevendo um conto de fadas, você deve evitar esses extremos. Defeitos tornam seus personagens mais interessantes e autênticos.

Personagens – que não são fundamentalmente bons – deveriam ser pintados com múltiplas cores. Os bandidos não são maus o tempo todo. Às vezes eles estão simplesmente comendo a comidinha deles num restaurante, ou esperando numa fila de banco, ou até fazendo alguma boa ação (tipo ajudar uma velha senhora a recolher as frutas que caíram da sacola de compras).

“Lolita” foi um romance controverso escrito por Nabokov. O autor teve que se defender afirmando que seu conhecimento de ninfetas era puramente resultado de suas pesquisas, ao contrário do seu personagem principal Humbert Humbert que molestava meninas. Nabokov encarou um dos maiores desafios que pode encarar um escritor de ficção: foi fiel à humanidade de um personagem repreensível. Humbert Humbert é um personagem nojento e desprezível e teria sido fácil mostrar apenas seus pontos fracos. No entanto, Nabokov mostra algumas qualidades dele: ele é charmoso, extremamente inteligente, tem uma certa vergonha da sua fraqueza e também tem uma amor genuíno por Lolita.

A literatura está repleta de grandes vilões. E parte do que os faz tão interessantes é que podemos ver uma parcela pequenina de nós mesmos em cada um deles. Geralmente há algo com o qual o leitor se identifica. Em “Lolita” o leitor pode se identificar com a incapacidade de Humbert de lidar com um desejo que ele sabe ser totalmente errado. Embora o caso de Humbert seja um extremo, a idéia básica de querer algo que não se pode ter é um traço tipicamente humano. Ao pintar Humbert como algo mais que simplesmente um monstro, o impacto das suas ações torna-se muito mais poderoso.

"Ana" - estruturando os eventos

(postado originalmente no dia 21.12.06)
Até agora eu consegui escrever sem ter um esqueleto geral que incluísse todos os eventos da história. Eu ia lembrando mais ou menos das coisas e incluindo o que eu tinha na cabeça. Mas agora, com a enorme quantidade de detalhes pra lembrar, eu estou ficando perdida. Há três dias, eu comecei a montar um outline gigante com tudo o que vai acontecer daqui pra frente. Está difícil concluir. Há alguns pontos para os quais eu não tenho solução. Embora eu saiba o que vai acontecer, não sei exatamente como vai acontecer. Outra dificuldade é com relação à ordem dos eventos. O que vem antes do que? O que os personagens já sabem? O que precisam descobrir? E também é preciso balancear ação dos personagens, reação deles à outras ações, fazendo tudo isso encaixar num esquema onde a tensão é crescente.

Mas acho que vou conseguir escrever um capítulo mesmo sem terminar esse esqueletão. E ao mesmo tempo que vou concluindo esse outline, vou escrevendo. Agora o que eu tenho que fazer também é reler tudo o que eu já escrevi e ir preenchendo detalhes nesse esqueleto.

E tenho que relaxar porque as leitoras continuam pegando no meu pé, cobrando um capítulo novo.

Sobre personagens: o pulsar do desejo (Brandi Reissenweber no livro "Writing Fiction")

O pulsar do desejo

No coração de cada personagem dimensional (um que tem várias dimensões), pulsa um desejo intenso por alguma coisa. Um personagem deve querer alguma coisa. Desejo é uma força impulsionadora na natureza humana e quando aplicado a um personagem, empurra a história para frente. Você pode criar um personagem muito legal, intelectualmente capaz e dado a aventuras, mas se tudo o que ele faz é ficar sentado no sofá, bebendo alguma coisa, o leitor não vai se interessar. Agora, coloque nesse personagem um desejo de atravessar o país num balão a gás, por exemplo, e você tem uma história.

O desejo de um personagem pode ser enorme, contagiante, como o desejo de acabar com a própria solidão, o desejo de vingar a morte de um filho, ou ainda, escalar o Everest. Ou pode ser pequeno e simples como fugir de uma esposa que só reclama ou plantar orquídeas.

A dimensão ou a simplicidade do desejo não são importantes; o que importa é que o personagem realmente deseje isso. Um forte desejo ajuda o leitor a identificar-se com o personagem, ao passo que um personagem sem desejo vai enfadar o leitor. Porque o leitor deveria se importar-se se nem o personagem liga pra aquilo?

Uma das vantagens ao se gastar tempo “esculpindo” um personagem principal com um forte desejo é que a história cresce organicamente a partir da necessidade desse personagem.

O que acontece se o personagem não tem desejo? Descrições, por mais maravilhosas que sejam, não conduzem uma história. O que uma história precisa é de momentum, uma força impulsionadora que move o leitor adiante. A ação da história não começa enquanto os personagens não tiverem um desejo que os impulsione a agir.

Desejos, no entanto, não são necessariamente claros e fáceis de detectar em toda e qualquer trama. Às vezes eles são complexos e obscuros para o próprio personagem.

Sobre personagens (Brandi Reissenweber no livro "Writing Fiction")

Personagens

O segundo capítulo do livro “Writing Fiction” é de Brandi Reissenweber. E ela abre a discussão sobre o assunto emprestando uma frase que ela ouviu de uma garota. Quando ela perguntou à essa menina porque ela gostava de ler, a menina respondeu: “porque lendo eu consigo conhecer várias pessoas diferentes”.

Segundo Reissenweber, esta resposta é o coração de uma boa história. Quando você lê ficção, você está principalmente conhecendo pessoas. São os personagens que conduzem uma história, levando o leitor da primeira à última página.

Bons escritores percebem que seus personagens são pessoas – pessoas físicas, emocionais, que vivem, que respiram, que pensam. Quanto melhor você conseguir fazer com que seus personagens pareçam reais, criando a ilusão de que se trata de uma pessoa real na página, mais seu leitor vai se envolver com sua história, transcender as palavras e a linguagem, permitindo que o mundo real fique para trás e seja substituído pelo mundo fictício que você criou. Como escritor, você quer que seu leitor veja seus personagens como sendo autênticos, dimensionais e sólidos.

haiku - techniques

Delicioso esse artigo sobre haiku techniques da Jane Reichhold.
Não apenas pra quem tem interesse em escrever haiku. Mas sabe quando você lê um e não entende patavina? Então... ela fala dos diferentes tipos de haiku.
O artigo tá em inglês.

A estrutura da trama: forma x fórmula (do livro "Writing Fiction")

Forma versus fórmula

Algumas pessoas não vêm com bons olhos discutir-se a trama dessa maneira. De fato, discutir modelos estruturais e gráficos de trama ou esqueletos faz parecer que escrever ficção é como colocar números numa fórmula matemática. É claro que, embora escrever ficção não seja isso, existe sim o aspecto de se entender o básico da forma de uma história. Mas na verdade, não existe um conflito real entre a forma e o impulso criativo.

E. M. Foster afirmou que há apenas duas tramas em toda obra de ficção: alguém começa uma jornada ou um estranho aparece na cidade. Esta idéia (bastante controversa) reduz toda a literatura à idéia básica de que estórias são determinadas pelas ações dos personagens e devem focar em um período de suas vidas em que alguma coisa muda.

Mas não seria isso uma maneira simplista de ver as coisas? Não quer dizer que há apenas dois tipos de histórias em toda a literatura? De modo nenhum. Veja bem:
Até agora nós discutimos várias versões do que seria alguém partir para uma jornada. Há também versões do que seria um estranho aparecendo na cidade.

Embora as formas básicas sejam poucas, as variações são infinitas. De um modo semelhante, entender que uma trama precisa de um protagonista, uma pergunta central, conflito, começo, meio e fim, não nos limita de modo algum. Pelo contrário, nos dá algo de concreto para trabalhar.

As possibilidades são inumeráveis e há vários exemplos onde as convenções são quebradas.
Em primeiro lugar, não é necessário apresentar os eventos em ordem cronológica. Outro aspecto é que autores frequentemente fazem experiências com a estrutura de uma história. Mas mesmo usando formas não tradicionais, tende-se a seguir as exigências de estrutura, trama e começo, meio e fim.
Com relação à trama, as especificidades variam, mas as regras gerais se mantém. Mesmo que se tente evitar uma trama, ao contar uma história acabamos criando uma. E isso talvez seja uma boa coisa.

Quando parar?

Ontem li uma crítica do Anthony Lane ao quarto livro sobre o Hannibal do Thomas Harris, “Hannibal Raising”. Ele acaba com o livro. Analisa o personagem e critica o modo como o autor apresenta as origens do monstro (a infância, o trauma de ver a irmã sendo morta e comida por bárbaros, etc.).

Mas o que me chamou a atenção foi o que ele disse no final, algo que, segundo ele, explica porque Harris seguiu essa linha. Lane sugere que Harris, num determinado momento da sua carreira literária, achou que dominava não apenas o gênero literário no qual tinha se proposto a se expressar. Talvez os elogios o tivessem feito acreditar que ele podia expandir os limites da sua ficção. O que ele não entendeu é que tais limites – que ele viu como restritivos – eram de fato, o que dava forma à sua obra. Ele cita dois trechos. Segundo Lane, Harris foi disso (em “The Silence of the Lambs”):

“Lieutenant, it looks like he’s got two six-shot .38s. We heard three rounds fired and the dump pouches on the gunbelts are still full, so he may just have nine left. Advise SWAT it’s +Ps jacketed hollowpoints. This guy favors the face.”

Para isso (em “Hannibal Raising”):

“I see you and the cricket sings in concert with my heart.” “My heart hops at the sight of you, who taught my heart to sing.”

E Lane fecha sua crítica com isso:

“Harris has developed aspirations to be a prose poet, not remembering that the jailbreak, with its brace of .38s, was already poetry in motion—hard, metallic, and perfectly timed.”
Saber quais são seus limites ao escrever. Dificílimo.

A estrutura da trama: como surge a trama (cont...) (do livro "Writing Fiction")

Como surge a trama (cont...)

Um ótimo lugar para se encontrar a pergunta dramática principal de uma história é o clímax, que é um lugar onde essa pergunta é geralmente respondida; este é o caso mesmo que você não saiba que há uma pergunta permeando a história.
É bem comum basear-se uma história num bom clímax. Leia a obra quantas vezes forem necessárias até que você consiga encontrar a pergunta. Ela é a chave para a história toda.

Uma vez descoberta a pergunta dramática principal, talvez você ache útil desenhar uma espécie de “esqueleto” da trama. Embora alguns achem isso um pouco restritivo, grande parte dos escritores, em um momento ou outro do processo de escrita, acaba fazendo uso de um esqueleto para a trama. Este é o caso principalmente de romances, que podem fugir completamente do controle se o autor não tomar as rédeas logo no início. Tais esqueletos funcionam porque permitem ao autor desmembrar uma história ainda informe, de modo a visualizá-la nas suas partes cruciais. Eles também ajudam o escritor a encontrar os lugares na trama onde a tensão precisa aumentar.

Se a idéia de montar um esqueleto da história te atrai, você pode começar fazendo anotações sobre a sua história e dividindo-a em início, meio e fim, pensando então em detalhes a respeito de cada uma dessas partes. Para o início, pergunte-se onde você vai começar, que tipo de exposição você vai trazer para a narrativa e qual é a sua pergunta dramática principal. Para o meio, quais outras exposições você pretende trazer e quando? Qual conflito o protagonista vai ter que encarar e como você vai fazer para aumentar esse conflito? Para o final, considere qual será a crise e o clímax e quais serão as conseqüências; eles estão na ordem certa?

Outra maneira é ir escrevendo os eventos que você quer incluir em sua obra, certificando-se de que cada um apresenta algum tipo de conflito entre o protagonista e o seu objetivo. Então você pode colocá-los numa seqüência de modo que o conflito aumente a cada evento.

Em todo caso, a idéia é montar um esqueleto com apenas o básico da história e fazer uma análise para ver se este básico é o certo e se está apresentado na ordem correta.
É claro que você não precisa ficar preso a esta estrutura – é bem provável que você acabe mudando as coisas ao escrever. Mas ela pode ajudá-lo imensamente.

Lembre-se que você não tem que ter todo aspecto da trama resolvido antes de começar a escrever. Vai levar algum tempo para que você descubra exatamente sobre o que é sua história.

A estrutura da trama: como surge a trama (do livro "Writing Fiction")

Como surge a trama

Talvez a esta altura, você esteja em pânico. “Eu tenho que determinar a pergunta dramática principal, preencher todos os requisitos do modelo de Aristóteles e trabalhar aquela centena de detalhes da trama, tudo antes de começar a escrever?” Graças a Deus, não.

É claro, é possível que você tenha tudo isso pronto antes de começar. Talvez você seja aquele tipo de escritor que gosta de estruturar a trama toda antes de começar a escrever. Mas se você não é esse tipo de autor, relaxe. Para a maioria, o primeiro rascunho é onde a inspiração flui livremente. Neste caso, a trama é algo que surge com o tempo, depois de vários rascunhos. Quando exatamente a trama surge não é tão importante. O mais importante é que tem que surgir.

A trama é quase inseparável do personagem. Na maior parte do tempo é difícil dizer qual destes dois aspectos vem primeiro numa obra. Seja qual for o primeiro, um vai necessariamente conter o outro. Ambos precisam ser convincentes e influenciar um ao outro. Se você é aquele tipo de escritor que tem personagens brilhantes, mas não consegue construir tramas, olhe seus personagens mais de perto, talvez eles saibam a história antes mesmo de você.

Então, ao invés de impor uma trama à narrativa, nós nos voltamos para a própria história para ouvir o que ela tem a nos dizer. Depois de reler várias vezes o que já escreveu, você pode acabar concluindo qual é o objetivo principal do seu personagem. Seja qual for a pergunta dramática principal, ela provavelmente já está lá no seu primeiro rascunho, mesmo que escondida.

haiku - Nick Avis

longing to be near her
i remember my shirt
hanging in her closet

freshly fallen snow
opening a new package
of typing paper

A estrutura da trama: tramas paralelas (do livro "Writing Fiction")

Tramas paralelas (subplots)

Uma outra diferença entre contos e romances é que a extensão de um romance permite que a trama seja mais complexa, com maiores ramificações e a possibilidade para tramas paralelas.

Tramas paralelas, quando existem, podem envolver um outro personagem que não o principal. Elas também podem focar num assunto que não seja o principal. De qualquer modo, a trama paralela está sempre relacionada à principal. De fato, ela existe porque é relevante para a trama principal ao comentá-la e explorá-la. A conexão entre as duas pode nem sempre ser óbvia, mas deve sempre existir.

Às vezes a trama paralela ocorre realmente em paralelo à trama principal. Em outros casos, ela funciona como um contraste à trama principal.

Uma das conseqüências de tramas paralelas é que romances acabam tendo múltiplos clímaxes ao invés de apenas um. A questão dramática principal deve esperar até o final do livro para ser respondida, mas questões menores aparecem e são respondidas ao longo do caminho.

Tramas paralelas não são obrigatórias (“Catcher in the Rye” é um exemplo). Você pode escolher entre explorar a trama principal e o protagonista focando diretamente neles ou criando reverberações da trama principal em outros personagens. Você decide.

haiku - Eric Amann (on the dead)

A night train passes:
pictures of the dead are trembling
on the mantelpiece

The names of the dead
sinking deeper and deeper
into the red leaves

A estrutura da trama: a estrutura num romance (do livro "Writing Fiction")

Estruturando um romance

Não existem diferenças radicais entre a estrutura básica da trama de um romance e a de um conto (short story). Mas há algumas peculiaridades em cada gênero.

Primeiro, embora o romance siga a mesma estrutura em termos de trama, há uma diferença no tamanho de cada seção porque ele é mais extenso. O início de um romance pode conter mais informação de apoio (background information), podendo facilmente ocupar um capítulo inteiro. Num romance, o leitor vai acabar conhecendo os personagens de um jeito mais profundo e, por essa razão, há espaço para mais exposição no início de um romance.

O mesmo vale para o final: pode ser mais extenso. Em alguns casos, o final inclui uma parte onde as conseqüências continuam a ser narradas de um jeito mais relaxado mostrando como é que as coisas realmente acabaram. Isso é menos comum em obras mais recentes.

Mas a principal diferença entre um conto e um romance é que no último, a seção do meio toma um espaço muito maior. O autor tem então centenas de páginas para desenvolver seus personagens, aumentar a intensidade dos problemas e obstáculos e relacionar elementos diversos. Mas, como no caso de uma história mais curta, nenhuma dessas páginas deve ser gasta à toa. Cada uma deve mover o leitor numa cadeia de eventos relacionados, para uma intensificação de conflitos e tensões em direção ao clímax do livro.

Minha protagonista...

Aproveitei a viagem e, entre um aeroporto e outro, dei uma adiantada em outras leituras. [Parêntese: outra hora eu comento da minha aversão a viagens.]
Enfim, dei uma olhadinha num texto sobre personagens e o que li me fez pensar. Parei pra analisar minha personagem principal e cheguei à conclusão de que ela poderia ser mais ativa. Eu estruturei as coisas na história de modo que sempre tem alguma coisa acontecendo com ela. O problema é que ela é meio passiva, não age muito.
Adivinhem... vem mais ação por aí.

Estou pensando na trama da história e não posso publicar o capítulo de hoje até fechar uma idéia que envolve uma decisão importante de Ana. Mas não tô conseguindo cobrir todas as conseqüências dessa decisão. E até lá, não posso postar. O pessoal tem escrito reclamando que já faz um tempo que eu não posto. Mal sabem eles que a aflição também é minha. Se tudo der certo, posto hoje.

A estrutura da trama: o final (do livro "Writing Fiction")

O final

O final de uma obra é geralmente a parte mais curta, principalmente em obras de ficção contemporâneas. Existe uma tendência a não se explorar as ramificações do que acontece na conclusão. Mas embora essa parte da história seja a mais curta, é nessa seção onde tudo tem que se encaixar.

O final geralmente segue um padrão que é comumente conhecido como “os três Cs” – crise, clímax e conseqüências. A crise é o ponto onde a tensão atinge seu ponto máximo; o clímax é o ponto onde a tensão se rompe e o leitor finalmente tem a resposta para a questão dramática principal. As conseqüências – se mencionadas – aparecem brevemente no finalzinho da história.

Alguém disse que o final deveria ser inevitável mas inesperado: ao voltar na história, o leitor sente que é o único final que realmente faria sentido; ao mesmo tempo esse final deve parecer surpreendente. Pense num bom romance policial. No final, você se dá conta de que todas as pistas estavam lá, mas você não conseguiu encaixá-las direito. Agora que você sabe o final, a coisa toda parece óbvia.

A estrutura da trama: o meio (do livro "Writing Fiction")

O meio
Às vezes o início de uma obra coincide com o meio por um breve momento, mas geralmente estas são seções distintas. O meio ocupa a maior parte do romance: tem mais páginas do que o início ou o fim. E isso porque tem muito mais pra acontecer nessa parte da história.
Essa parte contém mais um pouco de exposição, desenvolvendo um pouco mais os personagens e as situações que apareceram no início. É também aí que a ação acontece; na verdade, com exceção da abertura e do fechamento da história, tudo acontece na parte do meio.
É na seção do meio que o caminho do protagonista é constantemente bloqueado na sua busca pelo objetivo. Nessa parte, as forças que atuam contra ele tornam-se mais poderosas e o conflito aumenta até não poder mais.
Mas nada disso é aleatório. O mundo da ficção é regido por “causa e efeito”. Por exemplo: “A rainha morreu e então o rei morreu” não é uma trama; “A rainha morreu e então o rei morreu de desgosto” é uma trama porque contém causa e efeito. Em ficção, as coisas acontecem como resultado das ações dos personagens e as ações dos personagens são respostas às coisas que acontecem. O meio da história não é um ajuntamento de eventos desconexos, e sim uma cadeia de eventos onde cada um está relacionado ao que vem antes.

A estrutura da trama: o início (do livro "Writing Fiction")

(postado originalmente no dia 11.12.06)
A estrutura da trama é gerada pela pergunta dramática principal e também a suporta. Ela é inseparável da trama. Trama é a seqüência de eventos e caminha de modo a responder à pergunta dramática principal. A estrutura é o formato geral da história e mantém a seqüência de eventos numa ordem coerente.
E existe um modelo de estrutura já pronto, em uso por mais de 2000 anos, que foi codificado por Aristóteles na obra “Poética”. Nessa obra, ele usa elementos do teatro grego e da mitologia que o cercava para estabelecer princípios que regem a organização de uma história. Quais são esses elementos? O início, o meio e o fim. Isso parece bem óbvio, mas é uma estrutura mais complexa do que parece.
O início
O início tem que fazer três coisas: tem que colocar o leitor bem no meio da ação, tem que apresentar toda e qualquer informação necessária pra que o leitor ganhe velocidade na leitura e tem que estabelecer a questão dramática principal.

* Você precisa começar a história no lugar certo. Não pode ser quando as coisas estão calmas ou nada está acontecendo. Afinal é pra isso que a gente lê: alguma coisa nova e diferente acontece na vida de alguém.

* Você também precisa dar ao leitor toda a informação que explica os eventos em questão e os personagens que estão reagindo a estes eventos. E o mais importante aqui é manter o equilíbrio: o leitor não precisa saber de tudo logo de cara. Achar esse equilíbrio vem de experiência. Através dela, você aprende a dar ao leitor apenas o que ele precisa saber e aprende também como manter essa informação interessante e relevante, integrando-a na ação que já está acontecendo.

Apesar de tudo o que o autor tem que alcançar com o início, esta parte é tipicamente curta. O leitor não quer gastar muito tempo com isso, ele quer pular logo para a parte que é interessante, o meio do livro.

haiku - torpedo

celular vibra na mão
um torpedo dela
vibra meu coração

Sobre trama: o protagonista, o objetivo e o conflito (do livro "Writing Fiction")

O protagonista
Essa questão dramática principal está centrada nele(a), focando no que acontece em sua vida.
Por causa dessa atenção toda, geralmente há um só protagonista numa obra de ficção (há exceções a essa regra, é claro). Num romance longo, por exemplo, o autor, ao invés de explorar um grupo de personagens, aprofunda-se num só.

O objetivo
O desejo do protagonista é a chave para a trama da história. Lembre-se que uma questão principal conduz a trama. E essa questão aparece por causa daquela coisa única que o protagonista quer acima de tudo: seu objetivo.
Este objetivo pode ser consciente – no caso do protagonista saber exatamente o que quer – ou não. O objetivo também pode ser concreto (por exemplo, um emprego) ou abstrato (no caso, por exemplo, do desejo por um senso de auto-realização). De qualquer forma, objetivos abstratos estão associados a coisas concretas (comida pode proporcionar uma sensação de conforto e um trabalho pode proporcionar um senso de auto-realização). Geralmente, objetivos abstratos precisam ser representados por algo concreto ou a história vai parecer... hmmm... abstrata, o que torna difícil para o autor formular os eventos da trama.

O conflito
Os obstáculos no caminho do protagonista criam conflito. E você não pode facilitar as coisas para os seus personagens; fazer isso equivale à ficção de má qualidade. A trama depende de conflito.
E para que as coisas continuem interessantes, os conflitos têm que crescer. Alguns conflitos são externos ao protagonista e são encontrados em outros personagens, estruturas da sociedade, na natureza, nos feitos de Deus ou outras possibilidades. Outros conflitos são internos e, nesse caso, a luta acontece na mente do personagem. As histórias que realmente nos tocam geralmente incluem conflitos internos.

haiku - Leminski

tudo dito,
nada feito,
fito e deito

Paulo Leminski

back to the drawing board

(postado originalmente no dia 09.12.06)
Discuti minhas novas idéias para "Ana" com uma amiga e encontramos vários furos (na verdade quem achou furos foi ela... obrigada, Ana Lúcia).
E o paper não tá andando. =/
Esse fim de semana vai ser looooongo.

trama: a pergunta dramática principal (do livro "Writing Fiction")

(postado originalmente no dia 08.12.06)
A pergunta dramática principal (major dramatic question) é geralmente uma pergunta do tipo sim ou não. “Será que a Ana vai ficar com a Helena?”

E esta pergunta continua a ser a principal força organizacional mesmo no complexo mundo dos romances. Centenas de páginas... que nós continuamos a ler por causa do suspense que essa pergunta cria.

E é claro que você – como autor – vai ter que gerar uma resposta, que pode ser ‘sim’, ‘não’, e ‘talvez’. ‘Talvez’ funciona se você conseguir convencer o leitor de que você tentou o seu melhor e no final, concluiu que tanto ‘sim’ quanto ‘não’ não seriam uma resposta honesta.

No entanto, leitores tendem a ficar insatisfeitos se essa resposta aparece como resultado do acaso ou sorte. A resposta deveria vir diretamente das ações e pensamentos do protagonista.

A regra mais importante é: sua resposta tem que responder à pergunta principal. Se você passa a história toda perguntando se o José vai encontrar um emprego e a tensão da trama cresce em função da procura dele por um emprego, você não pode terminar por concluir algo do tipo “sim, ele será capaz de amar novamente”. Se a pergunta e a resposta não batem, o leitor termina o livro e pergunta: “Eu não sei sobre o que é essa história!”.

Essa pergunta principal vem da relação entre três elementos: o protagonista, seu objetivo e o conflito que lhe impede de alcançar o objetivo.

"Ana" (reviravolta na trama)

(postado originalmente no dia 08.12.06)
Acordei com uma idéia muito louca na cabeça, algo que vai mudar totalmente a história. Acho que essa ninguém vai adivinhar.
O único problema é que tenho que terminar um maldito paper e não posso sentar pra me dedicar à história.
Mas me aguardem. *risada maquiavélica*

Sobre "Ana" (uma estratégia e uma crítica)

(postado originalmente no dia 07.12.06)
Como a trama de “Ana” estava meio que fugindo do meu controle, eu estava ficando meio perdida na hora de escrever. Ontem, tive uma idéia. Eu criei um arquivo pra cada um dos personagens secundários da trama (Duda, João, Leonora, Oliveira, Luís, Aline, etc). Nesses arquivos eu fiz um tipo de diário do personagem. Não falei das características dele ou dela (isso está meio resolvido na minha cabeça); apenas “incorporei” o espírito de cada um [credo] e registrei o ponto de vista dele(a) a respeito do que está acontecendo na história.
Isso me ajudou por várias razões. Primeiro porque fazer isso me dá a perspectiva que cada um tem da história e ao fazer isso já encontrei novas possibilidades na trama. Segundo, porque me permitiu enxergar como os personagens secundários se vêem uns aos outros. Isso é muito útil na hora de montar cenas. Por exemplo, mesmo que a Duda e o João não se encontrem por enquanto, é importante saber o que cada um pensa do outro. Porque? Vamos dizer que a Duda conversa com a Helena e o João é mencionado. Como eu já pensei sobre como a Duda vê o João nesse momento, as observações dela podem ser mais consistentes.

Uma crítica: “Ana” peca (e muito) no aspecto descritivo. Eu quase não faço referência ao ambiente onde a história acontece. O mesmo acontece com os personagens (e isso me foi apontado por algumas leitoras). Minhas descrições são vagas e superficiais. Há duas razões pra isso: uma é que eu detesto descrever as coisas. Minha tendência é incluir descrições dentro de diálogos. Geralmente funciona, mas tem hora que é preciso descrever sim. A outra razão é que pelo fato de eu ter que postar a história quase que diariamente (ou seja escrever como se fosse um folhetim), longas descrições tendem a entediar o leitor porque ele não tem a opção de determinar o ritmo da leitura. Bom... eu pretendo corrigir essas falhas todas na revisão. Eu quero ambientar bem o romance em São Paulo e explorar as coisas bonitas que essa cidade tem.

Sobre Trama (Davis Ebenbach)

(postado originalmente no dia 06.12.06)
Eu vou postar aqui algumas das idéias que Davis H. Ebenbach apresenta num dos capítulos do livro “Writing Fiction” (editado pelo Alexander Steele). O nome do capítulo é “Plot: a question of focus” (Trama: uma questão de foco).

# Ele fala a respeito de uma tendência que autores têm de escrever cenas para si mesmos. São situações totalmente prescindíveis no romance, embora sejam importantes para que o escritor se familiarize com os personagens e o ambiente da história. O leitor não precisa de tais cenas.
# Ele também fala de trama e vida real. O argumento dele é que a vida real não contém uma boa trama. E eu lembrei da Fran Lebowitz que disse: “Your life story would not make a good book. Don’t even try it.” (Ela também disse “Screenwriting is not an artform, it is a punishment from God.”) Antes que eu me esqueça, vale a pena conferir algumas das frases dela. Ela é genial.
Mas voltando ao Ebenbach... pra ele, trama não é exatamente igual à vida real. Nem sempre se tem uma resposta à pergunta: “Qual é o propósito da minha vida?”. No entanto, num livro de ficção essa pergunta tem que ser respondida. Um livro que nos fascina tem uma boa trama. Os eventos vão se desenrolando um após o outro de um modo cativante, continuamente crescendo em tensão e deixando-nos na expectativa de como tudo vai se resolver.
# Outro aspecto que ele aborda: nos círculos literários, o termo “page-turner” quando aplicado à um livro é considerado depreciativo. E ele explica que isso é besteira: um bom livro segura o leitor.
# A trama torna a ficção coerente porque aglutina (perdoem minha tradução tosca de “draw together”) todos os personagens, a ambientação, voz e tudo o mais em torno de uma única força organizacional. Escrever ficção não é escrever sobre um milhão de coisas e sim sobre uma coisa só. E essa coisa é a pergunta que está por trás de toda obra de ficção bem sucedida.

Sobre "Ana"

(postado originalmente no dia 04.12.06)
“Ana” está sendo minha primeira tentativa de escrever um romance. Começou como um conto, mas eu fui incluindo mais elementos e enriquecendo a trama. A história ficou enorme (está em 160 páginas em espaço simples) e ainda tem um monte de coisa pra acontecer.

É um romance entre duas amigas, mas eu resolvi incluir mais elementos pra que a história toda não ficasse apenas em torno das duas. Então, há um pouco de ação e suspense.

Porque eu resolvi escrever? Hum... eu sempre quis ser escritora, mas nunca tentei nada antes. Sempre achei que era algo que se nascia fazendo e eu não tinha a habilidade necessária pra escrever bem. Me enganei com relação ao primeiro aspecto.

Ainda acho que algumas pessoas nascem com uma propensão ou facilidade para certas atividades, o que é o caso de escrita de ficção. Mas tenho lido um bocado a respeito de como escrever ficção e a conclusão quase unânime nesses escritos todos é a de que a habilidade de escrever pode ser desenvolvida e aprimorada.

Minha idéia com esse blog é compartilhar com outras pessoas que escrevem (ou querem escrever), técnicas, materiais, publicações e tudo o mais que se relaciona à arte de escrever ficção. Não vou ensinar nada; simplesmente porque não posso. Estou aprendendo também. Não vou nem prometer continuar blogando todo dia, porque nem sei se vou conseguir.

Pretendo mesmo fazer uma crítica da minha história com o intuito de melhorá-la. (Comentários são bem-vindos). Eu estou usando “Ana” como uma maneira de aprender o que significa contar uma história.