segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Raiva

Estou com raiva desse país. Sabe qual é a praga que não deixa esse país andar? IMPUNIDADE!
Quem rouba dinheiro público não vai pra cadeia. A começar pelo presidente, que enriquece a própria família. Quem mata por esporte também fica livre.

Você viu o que aconteceu com o garotinho que foi arrastado pela rua?
E você sabe o que vai acontecer com os adolescentes que fizeram isso? Nada.

E em alguns dias ninguém mais fala disso. Até outra atrocidade assim acontecer. Talvez alguns saiam nas ruas com bandeiras brancas e velas acesas pedindo paz. Como se isso mudasse alguma coisa.

A lei que deixa impune um animal de 16 anos que comete uma coisa dessas, não vai permitir que ele seja preso. Ele vai pra um lugar onde teoricamente vai ser "reabilitado". Existe reabilitação pra quem faz isso?

E quem pode mudar a lei não o faz. Porque mesmo? Só um país atrasado como o nosso pra ter uma lei como essa.

E em alguns dias, todo mundo vai sair às ruas pra dançar e celebrar a própria miséria.
Esse país não tem mais jeito.

8 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, a gente se revolta e as autoridades “competentes” dizem que é temerário efetuar mudanças na legislação em momentos de forte comoção. Pode até ser, mas o problema é que aqui essas coisas só são discutidas nesses momentos. É óbvio que o sistema prisional não reabilita ninguém, mas para criminosos que ultrapassam qualquer limite de humanidade não há mesmo reabilitação possível. Então que haja ao menos a certeza da punição para que eles não tenham a oportunidade de continuar destruindo a vida das pessoas quando quiserem.
Mas... como vc disse, daqui a pouco chega o carnaval, todo mundo “cai na folia” e se esquece que a barbárie está tomando conta do país.
Que país triste!

Anônimo disse...

E nós?
Conseguimos nos indignar além das palavras?
Acho que, o que está estragando é nosso comodismo...
Tipo, poderíamos protestar contra a emissão de poluentes, mas não queremos ficar sem nossos carros, andar um dia a pé ou de metrô, nossa...tudo bem que o transporte público não funciona, mas ao invés de protestar contra isso, o que fazemos? Compramos um carro em 60 parcelas pra andarmos confortáveis e que se dane o resto, lancemos poluentes na atmosfera...
A indignação contra a violência é nossa constante, mas não nos mobilizamos quanto a isso, não buscamos soluções, nos transformamos num monte de cidadãos indignados com a bunda no sofá, reclamando e esperando que algo aconteça...
Não pense que me excluo desta categoria, estou tão dentro quanto qualquer um...acho que perdemos o fio da meada e agora, não sabemos por onde começar.

Anônimo disse...

Quanta indignação, ma cherrie! E com justa razão... o episódio com o João Hélio é realmente uma barbárie... algo inumano... impensável para alguém com um mínimo de senso moral...
Concordo plenamente com sua revolta, mas vou me permitir discordar (e que venham as saraivadas de críticas... rs... elas fazem parte da tal democracia, pois não?) do lugar-comum a que subsume os discursos inflamados, em especial contra o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA...
É um discurso recorrente... sempre que algum adolescente comete um crime, aponta-se o ECA como o grande responsável... é tão mais fácil e cômodo culpar a legislação, não? Véio, na boa, ao contrário do que a maioria pensa, o adolescente infrator não fica preso apenas por um curto período de tempo - até completar a maioridade - e após isso poderá sair lindo, leve e solto... essa é a leitura de um leigo e a mídia, por ser leiga, apegou-se a esse discurso e tenta destruir uma das normas, que à época de sua edição foi considerada como uma das mais avançadas do mundo... Na verdade, uma leitura mais atenta e conversando com um operador do direito militante da área, vc poderá perceber que, considerando a gravidade do crime, ao adentrar a maioridade, o adolescente não tem garantias de que será solto... a garantia que ele tem é de que o juiz da vara de execução irá examinar, a partir de laudos elaborados por profissionais habilitados, o grau de reinserção social do adolescente e poderá determinar a extinção da punibilidade... ou mesmo determinar que ele seja transferido para uma penitenciária e cumpra o restante da pena...
Isso é o que a norma prevê... o que é bem diferente da prática... mas aí a gente entra em outro campo de discussão, não? Talvez seja assunto para um outro e-mail...
Mas quero aproveitar para chamar a atenção para um aspecto que ficou esquecido após a barbárie... o crime começou com o roubo de um veículo, baby... foi a necessidade de ter... de possuir... de mostrar que tem dinheiro... que determinou o crime... e aí, ma petit, o Brasil - esse país que vcs tanto criticam - segue apenas o que é ditado pelos países dito desenvolvidos... é a valorização do "ter", em detrimento do "ser", que está na raiz dessa barbarie... as pessoas, para serem aceitas, não "são" apenas... agora elas precisam "ter" e isso... bom...isso é resultante da perda de valores e do desenvolvimento de uma sociedade extremamente consumerista e cujo maior patrocinador é o Tio Sam e seu "american way of life"...
Por favor, não me leve a mal... estou tão indignada quanto vc... apenas acho que, como quase tudo na vida, o buraco é mais embaixo!
No mais, faço minhas as palavras da paula...
Beijo

Anônimo disse...

Olha, Juliana,

Basta da leitura do senso comum! Achar que diminuir a maioridade penal resolve é tão simplista que dá nos nervos.
Esses jovens já estão condenados pelo longo processo de barbárie que os países periféricos como o nosso vivem.
Infelizmente, outros caem pelo caminho como essa criança arrastada.
Não adianta acusar os políticos, as autoridades, etc. É preciso primeiro enxergar com uma lente mais poderosa o mundo no qual vivemos.
Quem sabe conseguiremos achar alguma solução individual e coletiva!???

Anônimo disse...

é realmente revoltante. é triste pensar que vivemos num mundo com tanta "gente" assim, se é q se pode chamar de gente. é revoltante voce pensar que sai na rua e nao sabe se volta, nao sabe se as pessoas que voce ama vao voltar. voce nao pode sair com uma bolsa ou ou sequer parar no sinal vermelho, isso é viver no brasil. muita gente gente diz que a situação faz o ladrão, que essas pessoas sao assim porque nao tem oportunidade; tem tanta gente pobre sem nenhuma oportunidade trabalhando honestamente pra ganhar uma miséria e eles nao saem por aí arrastando crianças; isso é ridiculo! assim como tem ricos que sao capazes de atos de tamanha crueldade (suzane que matou os pais por exemplo). isso nao é falta de oportunidade, é falta de humanidade; um ser desse nao tem coração, nao tem sentimento, nao devia existir. devia ser punido sim, na minha opniao devia ser punido da mesma forma, arrastado por um carro por 7 km; mas o mundo vivaria uma bárbarie; entao que prenda, que deixe preso pelo resto da vida, um ser desse nao tem condições de ser reintegrado a sociedade nem em um milhão de anos.
nao foi tirada uma vida nessa historia toda, foi tirada também a vida daquela familia, aquela mae que vai se sentir culpada por ter parado, por ter saido de casa pelo resto da vida; aquela irmã, uma criança também que vai carregar esse trauma pra sempre; o pai, os familiares e nós, todos nós que nos sentimos revoltados, um pedaço de esperança morre e ficamos nos perguntando "meu deus e se isso um dia acontecer com alguém que eu amo?"
o mais triste de tudo é realmente o fato de que em alguns dias ninguem mais lembra e vai acabar em carnaval, literalmente, como tudo no brasil.
ps: que bom q voce voltou a escrever Ana!

Anônimo disse...

"Esse país não tem mais jeito". Você não está sendo muito dura? Você julgou e condenou o país e as pessoas que nele vivem. Você me condenou! É claro que ainda temos muito que fazer, e a mobilização para as mudanças passa pela indignação, pela conscientização do que fazemos e de como contribuímos para que elas ocorram. E se não tivermos a esperança de que elas possam ser mudadas e tomarmos atitudes para isso, o que nos restará? Nos conformarmos e achar que o país não tem mais jeito? Acho que não! Há tempos atrás corpos vivos eram arrastados por carroças ou cavalos nas terras da Europa. E a Europa não tinha jeito?

quiterinha disse...

Apesar de ser de "esquerda" - isto no Brasil está virando palavrão, concordo com vocês sobre "raiva". A violência é decorrêncioa da falta de impunidade,e é o que mais está acontecendo, não apenas neste país.
É o velho paradgma da física - lei da ação e reação (retorno) - se faço o mal me retorna a punição! se está não vem, continuo fazendo o mal..
É dificil analisar o ECA, pois o seu principio é proteger as crianças - principalmente contra a violência doméstica. Porém as que trnsgridem a lei são apenas infratores - estão em "conflito" com a lei - acredito que um caminho seria estes "em conflito com a lei", não serem mais beneficiados com ela e ser então aplicado a lei universal, independente da idade.
O que devemos fazer é na realidade criar associações - nós que não somos mais crianças e nem adolescentes, também ainda não somos idosos - ESTATUTO DO ADULTO, que ironia. Na realidade acabar com as excessões e de fato aplicar a regra geral, caso a caso, então todos seríamos de fato IGUAIS. Estes estatutos criam então conflito com a constituição geral - TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI, "exceto" as crianças, adolescentes, idosos, deficientes, negros...e agora?!
Algum de vocês já foram assaltados? furtados? enganados por alguém próximo? Se foram sabem a sensação que fica destas experiências - vazio, raiva, impotência, descrédito nas instituições e nas pessoas - Vejam vamos criar mais um estatuto - os das VÌTIMAS, é assim que funciona neste país - de EXCEÇÃO!!!!!!!!!

Anônimo disse...

Eu tb fico com muita Raiva e, às vezes, penso coisas absurdas como vingança, mas na verdade isso é tudo culpa do progresso, do êxodo rural, das grandes companhias se instalando nas cidades, enfim de um monte de coisas que aglutina pessoas. E todo mundo sabe que muitas pessoas juntas fica difícil de “controlar”. A sociedade mudou muito, a mulher mudou muito. Hoje uma esposa dificilmente não trabalha fora pra ajudar o marido e as crianças ficam na rua (salvo as exceções lógico) e quando se reúnem em casa a noite os pais estão cansados pra conversar, pra saber o que tá acontecendo enfim não tem “fôlego” pros filhos e os filhos vão ficando cada vez mais distante e agindo sozinhos sem um pai perto, um adulto que aconselhe que converse que mostre valores, pq muitas vezes os valores que os pais mostram levando essa vida "bandida" de correria não são lá muito ortodoxos. E nesse ponto que fica muito mais difícil, veja, por exemplo, pais que fumam e bebem e fazem o que querem sem nem pensar muito se isso prejudica seus filhos ou não, mas numa situação qualquer com outra pessoa são capazes de dizer que outras pessoas não estão respeitando seus filhos por fazerem isso perto deles, mentir pros filhos sobre qualquer coisa com preguiça de explicar. Os filhos aprendem a mentir, aprendem a ser preconceituosos com os próprios pais enfim, nem sempre é na rua. E dae quando depois de terem sido influenciados dentro da própria casa e “mal-educados” dentro da própria casa culpam o governo, culpam a sociedade, culpam a televisão. Ora é fácil resolver o problema se for assim, se a culpa for realmente deles, faça o seguinte: não tenha TV em casa, não vote em quem não presta (vai ficar difícil, eu sei kkk) e não continue a ensinar o que a sociedade passa de geração em geração como o CERTO, sem saber, sem analisar se realmente é o certo pra vc ou se é só uma convenção idiota pra criar seres dominados e massificados. Quem tem que educar os filhos são os pais e não a sociedade ou o governo ou as escolas. Fica fácil tê-los e jogar a responsabilidade pra cima dos outros, não é?
(pelo amor de Deus, não to dizendo que a mulher tenha que ficar em casa se anulando não, não sou machista, só estou apontando como um fator de mudança)